Dom Oscar Romero, bispo dos pobres, profeta dos Direitos Humanos
Ao vento que sopra do Marajó
Vento, natural amado
Teu lado libertador
Sei que sempre tem lembrado
Um Profeta Monsenhor
Do centro dum continente
Que Ianque covardemente
Sempre foi saqueador
Onde vulcões magníficos
São guardiões da região
Izalco é do Pacífico
Farol em erupção
Por ali, Mar Caribenho
Vê povo salvadorenho
Sempre em profética ação
Nas montanhas de esperanças
Gosgoran manancial
Respira doces lembranças
De Romero eternal
Que ao invés de ditadores
Optou por sofredores
Da sua América Central
Homem de santa postura
Via, na clara visão
Décadas de ditaduras
Piorarem situação
De um povo empobrecido
Cada vez mais oprimido
Em constante repressão
O aluno de Paulo Sexto
Formado, ouviu o clamor
Pra ser parte dos contextos
Históricos de El Salvador
Pelos Direitos Humanos
Contra governos tiranos
Cada qual mais violador
Vento, Dom Oscar Romero
Sem ter medo ou timidez
Denunciava, e é vero
Massacre de camponês
E falava abertamente
Sempre corajosamente
O que era possível fez
Romero que via mortes
Entre o povo sofredor
Incluindo Sacerdotes
Por toda El Salvador
Nas missas e Homilias
Condenava as covardias
Do aparelho repressor
Diante desse contexto
De violência sem fim
Recorria sempre ao Texto
Do Encontro de Medellin
Que recomenda nas Missas
Se falar de Paz, Justiça
Em um tempo tão ruim
Pelos Direitos Humanos
Em profética vocação
Dom Romero por três anos
Fez com que cada sermão
Fosse a voz indignada
Da sua gente massacrada
Vivenciando coação
Durante anos seguidos
Cada sua pregação
Era pelos oprimidos
Que sem uma explicação
Rumavam triste destino
Nas mãos dos vis assassinos
Os governantes de então
Vento, tu que nunca cansa
De exprimir indignação
Quem denunciou matanças
Da pobre população
Vivia sempre na mira
Dos milicianos tiras
Da morte, do esquadrão
Ele disse, certo dia
No La Prensa, um Jornal
Que a Igreja deveria
Da maneira bem cabal
Atuar com mais veemência
Fazendo a preferência
Pelo pobre pessoal
Às governanças insanas
Como Agente Pastoral
Na dignidade humana
Exigiu paz social
O respeito, a liberdade
E o fim das hostilidades
Que só davam em funeral
Não como esses sacerdotes
De batinas, paletós
Que ficam nos camarotes
Vendo a opressão algoz
Romero, o destemido
Foi do povo perseguido
O Profeta porta voz
Bispo dos ousados jeitos
Dizia que seu povão
Tinha todos os direitos
De lutar contra a opressão
Combatendo governantes
Toda classe dominante
Que gerava assolação
Honrando o santo chamado
Falou pros policiais;
Vocês não são obrigados
A servirem imorais
Essa gente perseguida
É para ser protegida
Nunca matada jamais
Em nome do Deus da Vida
Disse em tom sacerdotal
Que não deve ser cumprida
A lei voltada pro mal
Uma ordem assassina
Fere a vontade divina
O Direito Universal
Porta voz da liberdade
Aos soldados da nação
Lembrava a comunidade
Onde em pior situação
Eles eram moradores
Junto a pobres sofredores
Sem mesmo o diário pão
Com a pura consciência:
Disse: limpem vossas mãos
Acabem com a violência
Parem de matar irmãos
Esses pobres habitantes
São vossos semelhantes
Do menor aos anciãos
Num dia quase esperado
Que nos dói só em contar
Dom Romero foi matado
Por agente militar
Tudo como já previsto
Tal como ocorreu com Cristo
Morto por incomodar
Pelos Direitos Humanos
Este herói libertador
Tinha sessenta e dois anos
Quando franco-atirador
O matou covardemente
E agindo profanamente
Em Missa em San Salvador
Covardemente matado
Por recusar-se a calar
Naquele lugar sagrado
O seu tão ousado Altar
Partiu crivado de bala
Mas sua voz vivinha fala:
Vivo sempre vai estar
Vento, irmão do ideário
Dos anseios sociais
Romero foi Missionário
Nas canduras radicais
Profeta da liberdade
Nos sonhos de humanidade
Pelos direitos iguais
Para quem crê que o Renovo
É o Cristo Libertador
Romero é este povo
Que mesmo diante da dor
Mantém firme coerência
Pela paz, na resistência
Contra o sistema opressor
Honrando sua batina
Não quis ser um padre vil
Que se une à assassina
Gente hipócrita servil
Foi Profeta da ousadia
Contra a mais vil tirania
Que matou mais de cem mil
Morto de forma covarde
Em Missa em pleno Hospital
Comoveu Comunidades
E a Imprensa internacional
Mostrou que o atentado
Foi a mando do Estado
Poder ditatorial
Dom Romero corajoso
É a História a registrar
Que quem peita poderoso
Pode até no chão tombar
Mas por toda a eternidade
Na Consciente Sociedade
Vivo sempre vai estar
Romero é o Cristo Vivo
Em qualquer ser de valor
Que vendo poder nocivo
Sabe muito bem se opor
Da forma mais incisiva
Dentro da Palavra Viva
De um Deus Libertador
No Centro ou Periferia
Ele é o que sabe dizer:
Verdadeira idolatria
É ter apego ao poder
Apoiando poderosos
Seres mais gananciosos
Que fazem povo morrer
Eterno Bispo querido
Nesse dias atuais
Ele é o povo destemido
Que confronta maiorais
Lá nas Organicidades
Das lutas por liberdade
Às Bases Eclesiais
Vento, Dom Oscar Romero
Até o tempo do além
É o que diz, com todo esmero
Que real gente do bem
Sai em defesa da vida
Não se dobra a genocida
Na verdade, a ninguém
Quem não era marxista
Diizia: pior que ateu
É o crente capitalista
Que suga um irmão seu
Romero de perto via
Quem da Igreja não saía
Mas o amor nunca viveu
Santo que em pleno ofício
Da Eucarística Celebração
Na dor do seu sacrifício
Partiu pra eternização
Lembra os que nunca tem medo
Com Aquele Tucum no dedo
Não se queda à ambição
Vento, Dom Romero amado
Profeta encorajador
Lembra um cantarolado
Poema de El Salvador:
Alegrem-se, excluídos
Um dia será banido
Governante matador
Alegre-se, valente
Que nunca teme morrer
Preocupe-se, tu, gente
Da luxúria, do poder
Alegrem-se, sofredores
Preocupem-se, opressores
A Justiça iremos ver
Preocupe-se o que explora
Todo império ruirá
Alegre-se o que chora
A justiça triunfará
Dom Romerito valente
Na memória tá presente
Para sempre viverá
Jetro Cabano Fagundes
Farinheiro do Marajó e de Ananin
(Evangélico Batista)
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